Utopias
Não me perguntes por que razão não te dou a mão
não queiras saber do vento nem do comprimento
da minha relação com a água saberei que morro afogada
não vejas os rastos de pegadas molhadas pela sala
nem a antiga cómoda cheia de pó
respeita o meu abandono pelas coisas porque eu não vivo só.
vivo só com todos as quimeras que crescem arrebatadas por dentro
lembra-te que quando estou, as pegadas e o pó são cumprimentos
redondos e acabados do sonho que larguei abandonado para te sorrir
em metáforas de carne viva.
O dia em que chovia pétalas de silenciar a boca
perfeito concreto o ar
rarefeito a entornar
brindamos ao dia mais
poético da nossa existência
de braços enrolados em
lã na dolência de fazer utopias.
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