E se eu
quisesse sentar-me, pegar numa caneta e oferecer o mundo?
Olhei
Eurídice, magenta inspiração
escopro por
entre silêncios a estremecer o tempo
esconjurar o
pérfido, soletrar o enigmático, dizer da noite
cantar o
amor, Pessoa e Camoniano
sacramento
adjectivado
tecer
enleios e inventar o transcendente
cuidar de
afectos no urdir zeloso da espessura das letras
olhar de
olhos fechados para explicitar o imperceptível
metáforas ao
fogo e à terra, o seu apelido.
Um poema não
é o poeta, é quem o bebe
e não se
contenta só com a vida ou o belo
mas persegue
o anseio e idolatra as musas
é ter sempre
o vento de feição e exigir num continuum devir
o espanto
medir o
tempo laboratório de instantes
gritos muito
altos, plenitude num vociferar
a céu aberto.
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