Revolvem-se
sombras geocentricamente em frente
vielas
roucas de bairro arrastam demoradamente
preâmbulos monótonos da insignificância
carceres vulgarmente ocasionais
e já ninguém estranha.
Da vida e da sua exiguidade
ninguém
lembra a causa de tamanho lapso
- é a vida –
dizem, com voz de cansaço.
Entre o pó
esquecido dos dias afio o gume
desinteressadamente rombo da humanidade.
Na ponta da
cama, da faca e o escuro
sobrevivo às
migalhas da memória nos ouvidos de silêncio duro
paredes
antárcticas de gestação claustrofóbica,
o cabo
rachado, velho, gretado que seguro,
aparta na
entoação pulmonar do teu grito
com a
constatação absurda da insignificância
do meu
pessimismo aflito.
Revolvem-se
sombras geocentricamente em frente
primaveras
jardins de te fazer sempre
realidade
intocável da tua alma
com olhos
comovidos de calma
escrevi-te a
minha primeira poesia:
“Dormias aos pés da minha alegria
em cadências de respirações ovais
a certeza de existir colossalmente em tamanha
pequenez
de sorriso branco que um dia me diria
que a vida foi em ti um banco
com vista para o jardim.”