Sumiste-te na graça de um colibri perfumando os sentidos, gentilmente
uma ágata ébano e gengibre formiga vermelha de beliscadura fina, dolorosa, inquietante e muito viciante a gotejar numa mimíca de adivinha da tua voz
lento bater nessa pele sempre capa de um verso doçura no leve desprender desse toque antes do próximo toque momentos azuis e depois carmim uma metáfora que mate a metáfora de seres a Deusa inequivocamente singular.
Num só verso desenhar o inimitável de ti verter num chão sagrado pétalas a teus pés.
Língua, silêncio e o delírio, destes versos, nem a morte nem canções levarão.
As ruas cheias de vidros, plásticos, garrafas e pontas fumadíssimas de cigarros e algumas ganzas. Tudo era uma tendência inabalável para a morte poluída, como quem prefere o suicídio, à morte pelas facas do inimigo. Cinzento, tudo muito cinzento e no chão desenhava-se com os dedos pinturas rupestres do que um dia foram as flores, o mar e a primavera. Agora, debaixo do desenho e dos dedos cinzentos, existia somente o vestígio do que outrora fora verde cor de relva; havia até alguns que através duma nova tradição oral, conseguiam ainda relatar levemente o que fora uma floresta, ou qual o cheiro da chuva no campo ou até a que sabia o mar azul e verde. Nada. Só existia cinzento e o mar, essa coisa agora intocável, servia somente como cemitério dos pobres. As ruas. Cinzento. Nada. E a memória do mar.