quinta-feira, 6 de junho de 2013

Folhas caducas

Há-de ser uma força avassaladora
as patas da joaninha
num quase imperceptível ramo
pequeno, pequeno
os verdes de todos os tons
a luz filtrada
vermelho escondido
sons em redor
batem as asas da borboleta
as larvas saem e as sementes germinam
as gotas são mares
os perfumes, indizíveis
e depois há as letras
e os homens e mulheres
a calcar cimento e alcatrão
e o barulho ruidoso que cala a todos
e tudo é cinzento e em excesso
neons e passadeiras
as crianças já não trazem berlindes nos bolsos
e no entanto
a rádio toca
para a joaninha 
para o cego e o velho sentado
para as silhuetas irrequietas atrás das janelas espelhadas
um planeta sem silêncios 
azul
que se esquece de olhar para dentro 
que é onde se vê mais longe.



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