quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O silêncio ou a busca dele




Gosto de não me esquecer que o silêncio, a folha branca, o céu azul e o mar quieto, são a base de tudo, o estado original.



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

parti cula






não foi a partícula do tempo, nem a particularidade
de se suceder espontaneamente combustão
foi a mera possibilidade de haver nada na singularidade
expandida ao mícron da exaustão de um tempo que voou
pela palma da minha mão.
faltou-lhe a massa prosaica de se acontecer matéria
na boca que procurou um beijo ao vento,
afinal, a vida, partícula etérea não dorme ao relento
da ínfima e intrínseca miséria.



Onde day i was in love



One day I was in loved
in the other I was mesmerized
next I start to find the moon so near
I'm speaking for you all, seated here, up here
watching down, lights and all the seas
I can tell it's not that big deal...
It's far from what brought me here to start with.

But in loved I will be, no matter where I am
they say there is a Red place in Perú
and exquisit winds at orient
every thing is far when you're not around.






quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Condensação



beijos de marfim em mesa de mármore negro
entre colossais fios de ouro abandonados
ao encontro da aurora do teu amor

com que entornas o exercício de bater as asas.



June





Vi papoilas
Jardins inteiros de pedaços teus
pirilampos o teu sorriso
electromagnético
rodopio uma dança dedos a tocarem-se
vi papoilas
e as borboletas a salpicar a tela
um verso soletrado, sussurro lento
mil letras de te dizer amor.



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Dos poetas



Estou aqui a ler Herberto Helder, livro "As Magias", e confesso-me soterrada, meio abismada com o que leio.
Às vezes tenho a sensação que os grandes poetas o foram por sorte, porque nunca calhou tropeçarem numa faca, ou caírem da janela sem querer, ou espreitarem demasiado da ponte, repetidamente.
Ou então são uns heróis de coragem. Ficam prostrados ao vento em contrapeso com a gravidade e contra o mundo. São uns resistentes, uns lutadores.
Se continuo a pensar nisto fico com a ideia que de tanto escreverem a morte, morrer é a ultima coisa que querem e continuam a escrever como quem a enxuta à vassourada como se faz aos bichos.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O fio e o balão


Num toon
rodopios e corropios
uma criança segura um balão
e eu o teu lenço
não há nada mais que o céu e um prado muito verde
e muito espaço para correr
pudesse eu e todas as papoilas seriam tuas
só para ter um beijo teu
e poder dizer o teu nome quando me apetecesse
quando for grande vou tecer fios e vigas para pendurar o universo de ti
e viver sempre neste deslumbramento, lenço e balão.






aos filhos



Dormias aos pés da minha alegria
em cadências de respirações ovais
a certeza de existir colossalmente em tamanha pequenez
de sorriso branco que um dia me diria
que a vida foi em ti um banco 
com vista para o jardim. 


quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Lira


Eis-me!
deixo ritmos e espaços nos acordes da lira esquecida
deixo-os nos mil rostos da Noite, donde sorvi luar e água marfim
sempre a Grande Deusa num abraço, segredou-me diamantadas flores, abertas em azul ultramarino, derramou seu vaso de pautas, cadências, colcheias, fios e mantos de sonhos.

Por vezes, em cânticos uníssonos,
brotaram estrelas na continuação dos meus dedos,
pisei pétalas carmim em espaços orvalhados e vi levantarem-se vultos no vidro cristal,
a recriar o eco dos meus sentidos.
Quando as ondas do vento revolveram os grãos de areia,
abateram-se contra as rochas e soltaram as asas,
voaram rente ao pensamento, ela,
a Noite,
a Guardiã,
falou-me do limiar do antigo portal e disse: - Vem!
Conduziu-me pelas mãos.
Conduziu-me pelas ruínas dos claustros,
onde na fonte angular teimam em subir pés de roseira,
cada vez mais nítida a sua voz,
cada vez mais lúcida: - Vem!

Ao longe parece que escuto ainda a lira.
Dele se diz que acompanha a Deusa e as estrelas. Que a sua música abre as nascentes e encanta os seres.
- Vem!

Sinto que posso adormecer.
Sinto que cheguei a casa.






Já ninguém



Revolvem-se sombras geocentricamente em frente
vielas roucas de bairro arrastam demoradamente 
preâmbulos monótonos da insignificância
carceres vulgarmente ocasionais
e já ninguém estranha.

Da vida e da sua exiguidade
ninguém lembra a causa de tamanho lapso
- é a vida – dizem com voz de cansaço.

Entre o pó esquecido dos dias afio o gume
desinteressadamente rombo da humanidade.



terça-feira, 8 de outubro de 2013

Sobrevoando a paisagem cultural portuguesa



Deixa-los ignóbeis e profanos, defuntos e cinzentos, pois nós somos de luz e de helénicas colunas de vontade e de ânsias de saberes e do mundo. 
Deixa-los ser, pequenos e redundantes, pois nós somos a letra e a flor.

Deixa-los. 
Os jardins não se fazem de ervas infestantes nem de larvas parasitas. 

Voamos acima deles, os seres alados enxergam mais e mais longe e não são tocados pelo que no chão rasteja.


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Translating








what if i
lay my head down on your stomach
and put my mouth to your hand
will i translate
japanese to english
and english to japanese