quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Não quero fazer parte desta raça


Como não tenho máquina fotográfica capaz de captar o que sinto, deixo esta imagem feita de palavras, que a ter título seria: "Não quero fazer parte desta raça".

Na casa onde cresci ensinaram-me que o sofrimento dos outros é real, tão real quanto o meu, que o que não gostamos que nos façam, também não podemos fazer aos outros. Estes são os apanágios da minha educação.
Cresci então com uma sensibilidade infantil e uma moral de mãe; não, não é a moral de um adulto, é uma moral materna, que parecendo, são coisas diferentes.

Não, não consigo olhar para a horrível fotografia de uma criança (da idade da minha filha mais nova) morta, na areia de uma praia, porque morreu afogada. Já alguém foi ler sobre o que é morrer afogado?

Não consigo olhar sem ficar realmente emocionada para aquela imagem.
Não consigo olhar!! 

Não consigo conceber como é que alguém é capaz de dizer que não!
Por outro lado, também não concebo que venham TODOS para a Europa, não é porque não temos dinheiro, espaço físico ou capacidade de encaixe para culturas tão diferentes. É porque acredito que se pode fazer alguma coisa nos países de origem, a fim de proporcionar uma qualidade básica aos seres humanos - humanidade!

Não compreendo como é que não conseguem salvar os MILHÕES de pessoas que morrem afogadas, asfixiadas, entre outras piores, para chegar a um sítio qualquer onde, não haja o perigo de cair uma bomba em cima da cabeça deles (porque casas, já não há!), onde um pão custe menos que 10€, por exemplo, ou onde, simplesmente, se possa dormir...


Não, eu não quero e recuso-me a pertencer a este mundo. 
Não, eu não quero e recuso-me a calejar a minha sensibilidade em prol de conseguir olhar. 
Não, eu não vejo, fecho os olhos, no entanto, imagino...