sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Lua






Hoje há uma lua, a brilhar
dita o seu jugo
e somos, à noite, de noite
seus súbditos.



Bocage


"Soneto do prazer ephemero

Dizem que o rei cruel do Averno immundo
Tem entre as pernas caralhaz lanceta,
Para metter do cu na aberta greta
A quem não foder bem ca neste mundo:

Tremei, humanos, deste mal profundo,
Deixae essas lições, sabida peta,
Foda-se a salvo, coma-se a punheta:
Este prazer da vida mais jucundo.

Si pois guardar devemos castidade,
Para que nos deu Deus porras leiteiras,
Sinão para foder com liberdade?

Fodam-se, pois, casadas e solteiras,
E seja isto ja; que é curta a edade,
E as horas do prazer voam ligeiras!"




Quando era miúda e andava atrás dos livros de poesia dos meus pais, fui dar com uns muito amarelos e empoeirados livros escondidos atrás dos épicos - diria agora que estavam escondidos à espera de eu ter a altura certa para os descobrir, foi então que ao folhear, a minha pré-adolescência corou envergonhada de empatia.