sábado, 17 de agosto de 2013

Crua



Não me fales das flores, dos campos, das cores, do arco-íris e das papoilas.
Fala-me da carne crua que levas à boca, das fodas loiras, do esmagamento do ar nos pulmões, da claustrofobia da solidão e da masturbação.
Sussurra-me ao ouvido aquele momento de lucidez que permitiste à loucura.
Lê-me os cantos de maldoror como uma história de embalar e aconchega-me com o manto surreal do teu abraço à meia luz da tua insónia; Escreve no meu corpo a violência do teu tormento com a clareza do som da tua voz.

Dá-me tudo, porque eu tenho uma fome imensa de um universo que espera.

1 comentário:

Filipe Campos Melo disse...

Uma impressividade que se impõe de forma irrecusável
Na força das palavras (cuidadosamente escolhidas) e no que pelo poema se diz

Bjo.