terça-feira, 10 de dezembro de 2013

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Revolvem-se sombras geocentricamente em frente
vielas roucas de bairro arrastam demoradamente
preâmbulos monótonos da insignificância
carceres vulgarmente ocasionais
e já ninguém estranha.

Da vida e da sua exiguidade
ninguém lembra a causa de tamanho lapso
- é a vida – dizem, com voz de cansaço.

Entre o pó esquecido dos dias afio o gume
desinteressadamente rombo da humanidade.

Na ponta da cama, da faca e o escuro
sobrevivo às migalhas da memória nos ouvidos de silêncio duro
paredes antárcticas de gestação claustrofóbica,
o cabo rachado, velho, gretado que seguro,
aparta na entoação pulmonar do teu grito
com a constatação absurda da insignificância
do meu pessimismo aflito.

Revolvem-se sombras geocentricamente em frente
primaveras jardins de te fazer sempre
realidade intocável da tua alma
com olhos comovidos de calma
escrevi-te a minha primeira poesia:
“Dormias aos pés da minha alegria
em cadências de respirações ovais
a certeza de existir colossalmente em tamanha pequenez
de sorriso branco que um dia me diria
que a vida foi em ti um banco 
com vista para o jardim.”


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