sexta-feira, 20 de junho de 2014

Novos velhos novos



Sentou-se gasta e velha e inchada como as velhas moídas da vida, com rugas tão fundas que se vê o outro lado do corpo. Onde a vontade é uma poeira muito antiga esquecida numa prateleira de livros usados. Igual só o banco do jardim comido pelo sol. Iguais só as pedras da calçada que todos os dias lêem o mesmo jornal, lambem as mesmas solas e bebem a mesma água.
Quando se deu conta era já o por do sol a lembrar-lhe que o frio também é importado, tal como os netos que chegam com o calor. Quando se deu conta as coisas da pressa e a pressa da das coisas morriam na praia de um verão distante em fotografia a preto e branco.
“Onde? Onde morri eu que já não me lembro?”

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