terça-feira, 26 de maio de 2015

Em homenagem a uma mulher


Amanhã vou crescer muito, durante a noite.
Vou atar infinitos balões ao teu corpo e fazer te sobrevoar as nossas planícies
Lá muito do alto, lá em cima onde se vê o Alentejo quase todo.
Depois, como vou ser muito grande, vou te mostrar que todos os campos são o contorno do corpo,
Que os rios são o sangue e as árvores os pelos e as flores são quânticos resquícios.
As barragens são os olhos. Cheios. Imensos de tudo.
Amanhã quando for muito grande vou te mostrar que ela, afinal, está ainda cá. Que a podes cheirar e que os girassóis que tanto adoras podem ser o corpo para passares a mão e sentires que afinal, ainda cá está.
Porque afinal está, a única diferença é que está dividida em milhares de átomos espalhados sobre o teu Alentejo,
sobre o Minho dela
porque na verdade, meu amor, nunca desaparecemos.
(Os budistas é que tinham razão. É o amor que temos que nos faz reencarnar em coisas tão bonitas como as flores. )
O amanhã ainda não veio e eu sinto me pequenina para te amparar, por isso, transformei te numa pedra para que só sintas amanhã,
quando eu for muito grande, para te poder ter sempre protegido numa concha feita das minhas mãos.

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