terça-feira, 11 de junho de 2013

Perpetua-se um nevoeiro que me tolda a inteligência


Trago nas mãos dentro do bolso das minhas coxas, a imagem embrulhada de ti; com um sorriso afunilado lá longe humedece-me os lábios de cereja feitos de beijos. Os passos pisados de uma calçada agastada pelas pressas ficam indiferentes ao que trago enrolado nos dedos, como se fosses tu a brincar com o meu cabelo - ainda sinto o calor amor das tuas mãos.
As pernas novelo desembaraçam-se lânguidas na almofada do sono e o sol nasce devagar perante a minha contemplação das tuas nádegas, porém, o dia despe-me a epifania onírica e saio de casa com os dedos inchados do sonho.
Como um peixe na praia, sufoco lentamente com os dedos na boca - a minha petite mort; e as pedras agastadas continuam indiferentes ao que trago nos bolsos.
Esta dicotomia aparentemente paradoxal de uma cegueira que visto de lençol branco lavado antes de me deitar serve-me de colo ao embalo do sono que anseio e odeio. Descobri esta vergonha da singularidade que pensei nunca existir no bolso das minhas coxas - uma parede de taipa branca, sem janelas para o mar.
E sufoco lentamente com os dedos na boca.

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