sábado, 6 de julho de 2013

Cor de tudo e nada de cor de tudo e nada de cor



O chão branco-eterno jogava às escondidas com o sol debaixo das sombras irrequietas. Os pássaros cor de castanho-finito poisavam sobre as árvores verde-musgo-eterno. Havia um sossego espesso que a enrolava num manto azul-céu-infinito que ela provava com as pestanas.
Pensava que se ficasse estátua branca-eterna o chão havia de crescer como as trepadeiras pelos pés e pernas brancas-finitas, que o sol havia de a transformar em castanho-finito e que as árvores verde-musgo-eterno haveriam de se debruçar sobre a estátua branca-finita.
Pensava que se ficasse cor de tudo podia ficar invisível-transparente e que a vida espessa que a enrolava num embalo sossegado a conservaria intacta-fóssil até que ele, feito de chuva e vento, reparasse que o mundo de repente se tinha cansado de fazer todas as coisas de mundo.
Morreu aos 22 anos intacta-fóssil, sentada numa pedra cor de musgo.
O mundo não parou e ele não choveu.

Sem comentários: