quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Dos poetas



Estou aqui a ler Herberto Helder, livro "As Magias", e confesso-me soterrada, meio abismada com o que leio.
Às vezes tenho a sensação que os grandes poetas o foram por sorte, porque nunca calhou tropeçarem numa faca, ou caírem da janela sem querer, ou espreitarem demasiado da ponte, repetidamente.
Ou então são uns heróis de coragem. Ficam prostrados ao vento em contrapeso com a gravidade e contra o mundo. São uns resistentes, uns lutadores.
Se continuo a pensar nisto fico com a ideia que de tanto escreverem a morte, morrer é a ultima coisa que querem e continuam a escrever como quem a enxuta à vassourada como se faz aos bichos.

2 comentários:

Filipe Campos Melo disse...

talvez seja sorte
ser verso
talvez seja desígnio
ser infortúnio

talvez seja apenas clausura



Unknown disse...

Talvez seja por impossibilidade de ser qualquer outra coisa, porque não há remédio, não há saídas, não há mais nada a não ser disto, dos poetas.

Obrigada.