terça-feira, 17 de dezembro de 2013

7



E se eu quisesse sentar-me, pegar numa caneta e oferecer o mundo?

Olhei Eurídice, magenta inspiração
escopro por entre silêncios a estremecer o tempo
esconjurar o pérfido, soletrar o enigmático, dizer da noite
cantar o amor, Pessoa e Camoniano
sacramento adjectivado
tecer enleios e inventar o transcendente
cuidar de afectos no urdir zeloso da espessura das letras
olhar de olhos fechados para explicitar o imperceptível
metáforas ao fogo e à terra, o seu apelido.

Um poema não é o poeta, é quem o bebe
e não se contenta só com a vida ou o belo
mas persegue o anseio e idolatra as musas
é ter sempre o vento de feição e exigir num continuum devir
o espanto
medir o tempo laboratório de instantes
gritos muito altos, plenitude num vociferar

a céu aberto.


Sem comentários: