segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Zanguei-me e atirei-o contra a parede




Espera-me naquele recanto do armário quando a lua procura o sol. Das mãos molhadas agarradas aos tornozelos existe ainda a exactidão do teu corpo e a saudade cresce-me dentro do peito como um medo do teu desencanto.
Não te zangues. Não me atires pela janela porque eu, embora borboleta no nosso jardim, não sei voar a não ser no teu ombro.
Não te zangues. Atira-me contra o tapete negro e beija-me promessa de ser mulher borboleta jardim de primavera dos teus olhos.
Não te zangues. Não me olhes enquanto eu não conseguir encontrar os pedacinhos que parti quando caí. 
Não te zangues. Eu sou do tempo dos contos de fadas, do tempo do cavaleiro branco e, por isso, não consigo dispensar a poesia feita à luz da perfeição e um poema não é perfeito, nunca.

Não te zangues. Eu sou pequenina e o mundo é tão grande...
Não te zangues. Eu preciso de ti, como de pão para a boca.

Não te zangues.
Abraça-me.

1 comentário:

AC disse...

Tudo é relativo, mas carecemos de ternura como de pão para a boca.